Compreender como os microrganismos atuam dentro do biodigestor
é fundamental para evoluir na produção de biometano
O sexto painel do 6º Fórum Sul Brasileiro Biogás e Biometano apresentou o tema “Do micro ao macro: entendendo a microbiota”. A moderadora foi a professora da Universidade de São Paulo (USP) Maria Bernadete Varesche e os palestrantes, Claudia Etchebehere, pesquisadora do Instituto Clemente Estable, no Uruguai; Suelen Paesi, doutora em Ciências Biológicas e professora da Universidade de Caxias do Sul (UCS); e Franciele Natividade, coordenadora de laboratório do Centro Internacional de Energias Renováveis – CIBiogás (PR).
Ao abordar o assunto “Microbiota dos reatores de produção de biogás, quem faz o processo?”, a pesquisadora da instituição uruguaia Claudia Etchebehere ressaltou que trabalha há mais de 20 anos com o tema e demonstrou o que acontece dentro dos reatores de biogás/biometano. “Temos muitas imagens, mas quem faz o metano? É isso que a gente estuda, que existe uma rede complexa de microrganismos. O primeiro papel dentro do reator é a hidrólise, depois aparecem os fermentadores e o terceiro é a cetogênese. Tentamos entender quem está executando o processo e quem está atuando naquele momento”, explicou.
Segundo a pesquisadora, o objetivo é conhecer os microrganismos e suas funções. “Hoje em dia, é mais fácil porque temos uma grande quantidade de sequenciamento, conseguimos extrair DNA e RNA, e com isso sabemos o gene que está dentro do reator, qual microrganismo está dentro e qual função executa. Temos que ter cuidado com o que acrescentamos no reator, é preciso entender o que acontecerá lá dentro”, disse, apresentando quatro testes feitos e a quantidade de biometano extraído em cada um.
Suelen Paesi, da UCS, tratou sobre “Estratégia microbiológicas para a implementar a produção de H2 e CH4”. A coordenadora do Laboratório de Diagnóstico Molecular afirmou que enxerga uma caixa preta na microbiologia dentro do reator. “E quanto mais a gente conhecer, mais vamos dominar essas tecnologias. Os microrganismos trabalham em forma de consórcio, e isso só se estabelece quando o consórcio tiver sucesso, tudo precisa estar em união. O resultado é um conjunto associado”, destacou, ressaltando que a equipe do laboratório pesquisa quem são os microrganismos.
Essas informações, segundo a professora, servem para olhar quem na fermentação anaeróbia está, por exemplo, no início do tratamento de produtos diversos, como vinhos, óleo vegetal e, assim, dar start no reator. “E com isso saber como evoluir a produção de biogás, pois sabemos isolar microrganismos ou aumentar, estudar isso na produção de hidrogênio, de metano, de ácidos-graxos”, afirmou.
Franciele Natividade, do laboratório do CIBiogás, focou sua apresentação no “Impacto da Microbiota na produção do Biogás”. Ela explicou que a biodigestão é um processo bioquímico, que acontece a partir de células vivas, de onde se geram o biogás e o biometano. “É complexo manter o sistema, ou seja, manter a microbiota saudável e eficiente. Por isso a importância das análises em laboratório”, ressaltou.
Franciele citou que uma das análises feitas pela CIBiogás, de dejetos de suínos de duas diferentes granjas, embora fossem muito parecidos, tiveram resultados diferentes no reator. “O dejeto ‘B’ teve resultados baixos em comparação ao dejeto ‘A’. E, voltando à propriedade, identificamos que o produtor colocou um produto para cheiro na propriedade, não relatado inicialmente, e isso impactou na produção de microrganismos nos dejetos. Ou seja, são fatos importantes para o rendimento do biometano, para que o substrato possa ser convertido em biogás e biometano”, finalizou, destacando que o grande objetivo dos estudos é buscar a estabilidade operacional do sistema.
Ao final do painel, foram apresentados os cases da Genetica Bioscience, por Ivan Sganderla, e da Copacol, por Celso Brasil.
O 6º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano é realizado por instituições dos três estados do Sul do país: Embrapa Suínos e Aves (SC), Centro Internacional de Energias Renováveis – CIBiogás (PR) e Universidade de Caxias do Sul (UCS), e organizado pela Sociedade Brasileira de Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial (Sbera).
Patrocínio MASTER: Grupo Cetric, Itaipu Binacional e SCGÁS
Patrocínio OURO: Compagas, Ecogen, Galileo Technologies, MDC, (re)energisa, Retzem, Sanepar e UBE.