4º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano será em Caxias do Sul, de 11 a 14 de abril de 2022
Ao concluir a terceira edição, no formato online e com mil inscritos, organizadores programam o 4º Fórum na Universidade de Caxias do Sul. Temas indicados no evento deste ano, que mostram o rumo e o futuro do biogás no Brasil, irão nortear o debate
Já está definida a data para o próximo Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano. Os organizadores escolheram o período de 11 a 14 de abril de 2022 para a realização da quarta edição, em Caxias do Sul (RS), cidade onde iniciou o evento, em 2017, com um Fórum Estadual. A Universidade de Caxias do Sul (UCS), uma das entidades realizadoras, juntamente com CIBiogás e Embrapa, vai sediar o encontro.
O anúncio ocorre dias após o encerramento e a avaliação do 3º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano, que foi realizado de 29 de março a 1º de abril. No ano mais difícil da história recente para grandes eventos, as entidades realizadoras organizaram uma programação para mil pessoas no formato online, em razão da pandemia do coronavírus. Mesmo virtual, manteve as mesmas oportunidades de debate, networking e negócios da versão presencial.
Foram quatro dias de palestras, discussões, depoimentos e prospecção de negócios. A programação, organizada em uma plataforma interativa, permitiu o debate entre quem gera o biogás, mostrando vários exemplos da área rural, a indústria de equipamentos para o setor e pesquisadores. O Fórum também intensificou as relações internacionais para a cadeia do biogás, abrindo espaço para apresentação de parcerias além fronteiras, com o objetivo de ampliar o conhecimento para o avanço do biogás no Brasil.
Representantes das entidades realizadoras do 3º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano: Suelen Paesi, da Universidade de Caxias do Sul, Airton Kunz, da Embrapa e Felipe Souza Marques, do CIBiogás
Na avaliação da coordenadora do 3º Fórum, pesquisadora da UCS, professora Suelen Paesi, o evento atingiu os objetivos propostos pelas entidades realizadoras. “Foram 48 horas de palestras para mil inscritos, sendo 61 participantes estrangeiros. Entendemos que os números também indicam o êxito quando registramos 17 empresas patrocinadoras e presentes no Espaço de Negócios, além de contarmos com 25 entidades apoiadoras. Por ser online, talvez perdemos no calor humano, no contato olho a olho, mas, mesmo na pandemia, promovemos um evento sem riscos à saúde da comunidade, sem aglomeração, e com muito debate, além de várias estratégias e cases que mostram o futuro do biogás”, enfatiza.
A experiência no formato online, a abrangência de público, e a previsão de que a pandemia tenha passado até março de 2022, segundo Suelen, faz a organização considerar um evento híbrido para o próximo ano, com programação adaptada para presencial e virtual.
Além fronteiras
Desde o Fórum realizado em Foz do Iguaçu (PR), em 2018, um dos painéis é destinado ao debate da importância das relações internacionais para a cadeia do biogás. Nesta terceira edição, diversas possibilidades de cooperação entre o Brasil e o Reino Unido, além de similaridades e diferenças entre os dois mercados, foram apresentadas no painel “Sinergias entre Brasil e Reino Unido para o setor do biogás”.
“A participação estrangeira no Fórum tem um significado muito importante, pois serve para adiantar os nossos conhecimentos. Com o Reino Unido, por exemplo, que tem um setor de biogás muito desenvolvido, percebemos que há o interesse em auxiliar o Brasil a desenvolver o biogás”, observa Suelen.
No painel Sinergias entre Brasil e Reino Unido para o setor do biogás, realizado no terceiro dia do Fórum, integrantes apresentaram possibilidades de cooperação entre os dois países
Uma das palestrantes do painel foi a diretora executiva da Associação de Digestão Anaeróbica e Biorrecursos do Reino Unido (ADBA), Charlotte Morton. De acordo com ela, o Reino Unido vê o Brasil como uma enorme oportunidade para a indústria de biogás, devido ao tamanho de seu setor agrícola, que é o segundo maior contribuinte para as emissões de gases de efeito estufa do Brasil, e devido à necessidade urgente de gerenciar resíduos urbanos no país. “A cooperação entre empresas britânicas e brasileiras vai acelerar o desenvolvimento da cadeia brasileira do biogás e permitir ao país usar o seu grande potencial, ao mesmo tempo que proporciona às empresas britânicas e brasileiras oportunidades de negócios imperdíveis”, destaca Charlotte.
Maior volume de biogás
O mapa do biogás no Brasil mostra as oportunidades de expansão a qual Charlotte se refere. Os substratos utilizados para produção de biogás têm três classes quanto sua origem: agropecuária, indústria, aterro sanitário e estações de tratamento de esgoto (RSU e ETE). No Brasil, a agropecuária é a principal fonte de substrato usada em sistemas de biodigestão, representando 79% das plantas em operação. Sua contribuição no volume total de biogás, no entanto, é de apenas 11%.
Já plantas que processam resíduos sólidos urbanos ou efluentes de estações de tratamento de esgoto representam 9% das plantas em operação, e refletem em 73% do biogás produzido no país. A indústria, com 12% das plantas, representa 16% do biogás produzido.
Durante o Fórum, foram conhecidos os novos números que revelam o grande potencial de produção de biogás que o Brasil possui, além de projetos implantados nos últimos anos, sinalizando que o mercado do biogás continua em fase de expansão. A Nota Técnica Panorama do Biogás no Brasil em 2020, elaborada pelo CIBiogás e lançada no segundo dia do evento, aponta que, no último ano, houve um aumento de 23% no volume de biogás produzido e de 22% na quantidade de plantas em operação com aplicação energética.
Conforme o estudo, atualmente existem 675 plantas de biogás, sendo que 94% delas operam para fins energéticos no Brasil (geração de energia elétrica, térmica, mecânica e/ou biometano).
O documento mostra, também, que há oportunidades de expansão da cadeia e um grande potencial de produção a ser explorado. O potencial nacional de produção de biogás bruto calculado pela Associação Brasileira de Biogás (ABiogás) é de 82,58 bilhões de metros cúbicos ao ano, considerando os setores sucroenergético, saneamento, proteína animal e produção agrícola. Esse potencial, se comparado com o atual cenário de produção de biogás brasileiro (1,83 bilhão de metros cúbicos ao ano) revela a oportunidade de expansão de 98%, pois apenas 2% do total é aproveitado atualmente.
O documento, que traz atualização do número de plantas em operação, implantação e reformulação que fizeram uso energético do biogás até o ano passado está disponível aqui.
Acesso ao conteúdo permanece
Para quem participou do evento, ainda é possível acessar o conteúdo. Todas as palestras e discussões permanecem na plataforma EventMobi, até o final do mês de abril. Após, as palestras serão disponibilizadas para acesso público, no canal do Fórum na plataforma Youtube.
Realização e organização
O 3º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano foi realizado pelo CIBiogás, Embrapa e Universidade de Caxias do Sul, e teve organização da Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial (SBERA).
O primeiro Fórum de Biogás e Biometano foi realizado em Caxias do Sul (RS), em 2017, como evento estadual. A primeira edição no formato de Fórum Sul Brasileiro ocorreu em 2018, em Foz do Iguaçu (PR), e fechou o ciclo regional em 2019, em Chapecó (SC).
FOTO: Universidade de Caxias do Sul, em Caxias do Sul (RS), vai sediar a quarta edição do Fórum, em abril de 2022 | CRÉDITO DA FOTO: Claudia Velho