Nos dias 2 e 3 de outubro, a cidade do Rio de Janeiro foi palco do 11º Fórum do Biogás. Realizado pela Associação Brasileira do Biogás (ABiogás), é considerado o maior evento da América Latina sobre o tema. O Fórum reuniu empresas e agentes de diversos setores da cadeia do biogás, no Expo Mag.
Os dois dias do evento oportunizaram palestras com especialistas, representantes de entidades públicas e de empresas do setor privado, abordando temáticas sobre os avanços e práticas que estão impulsionando o biogás e o biometano. O Fórum também possibilitou fazer contato com os principais agentes do mercado e criar parcerias.
O 11º Fórum do Biogás teve a presença da analista da Embrapa Suínos e Aves, Fabiane Goldschmidt Antes, que preside a Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial (Sbera), e do diretor de Desenvolvimento Tecnológico do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), Felipe Souza Marques, representantes de duas instituições realizadoras do 7º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano (FSBBB).
“Todos os painéis do Fórum do Biogás, de maneira geral, mostraram cenários bastante otimistas para a cadeia do biogás. Essas perspectivas de avanço, de crescimento do setor, tanto na demanda quanto outras possibilidades de corredores e usos para o biogás e biometano, nos impulsionam a investir no Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano, que tem por objetivo principal desenvolver a cadeia do biogás nos estados do Sul, mas alinhado com tudo que está acontecendo no país, que vive esse momento de incentivo para a transição energética”, destaca Fabiane.
Esse potencial de avanço também é observado no Sul do Brasil. “Temos, nos estados do Sul, muitos substratos, muitas fontes de matéria orgânica que podem ser aproveitadas para a produção de biogás e biometano,” constata. Segundo Fabiane, o Fórum no Rio de Janeiro mostrou a expansão do setor com investidores nacionais e internacionais apostando em negócios na cadeia do biogás.
Para Felipe Marques, o Fórum da Abiogás mostrou o quanto o setor de biogás brasileiro está amadurecendo. “Foi excelente encontrar colegas e fornecedores no Rio de Janeiro. Fico especialmente feliz por ver que este evento e o Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano se complementam na agenda anual. O setor de biogás brasileiro está bem servido de eventos,” observa o diretor do CIBiogás.
O 7º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano será realizado de 8 a 10 de abril de 2025, em Bento Gonçalves (RS). Tem como instituições realizadoras a Universidade de Caxias do Sul (UCS), o CIBiogás e a Embrapa Suínos e Aves (SC).
Combustíveis do futuro
A estimativa de investimentos em combustíveis do futuro foi um dos temas no Fórum do Biogás. A aprovação do PL dos combustíveis do futuro terá um impacto significativo na economia brasileira, com estimativas de investimentos que ultrapassarão 200 bilhões de reais nos próximos 10 anos, resultando em efeitos positivos para o crescimento econômico do país. A declaração foi feita pelo deputado Arnaldo Jardim, relator do projeto na Câmara do Deputados, durante o 11º Fórum do Biogás, que aconteceu nos dias 2 e 3 de outubro, no Rio de Janeiro.
“Estamos estabelecendo um conceito amplo que abrange o ciclo de vida dos combustíveis. Fomos ousados, especialmente ao considerar o biometano como uma alternativa para substituir o diesel na mobilidade sustentável. Além disso, o projeto também aborda a captura e estocagem de CO2, abrangendo um contexto muito amplo. A votação unânime demonstra que, ao promovemos um debate substancial, conseguimos a adesão de todos os partidos, criando um clima que transforma essa iniciativa em uma verdadeira política de Estado”, declarou o deputado.
A lei dos combustíveis do futuro contempla o biometano como uma alternativa viável ao diesel. Segundo a presidente executiva da ABiogás, Renata Isfer, esse foi um movimento crucial na promoção de um transporte mais sustentável e alinhado com as metas de redução de emissões e do compromisso com a sustentabilidade ambiental.
“Percebemos que as conversas avançaram bastante. Durante o painel sobre mobilidade, foi destacado que muitos players do mercado estão estudando o biometano como uma opção viável e promissora. A principal vantagem mencionada é a comparação entre os custos do biometano e do diesel. Quando analisamos a substituição do diesel, o biometano se mostra economicamente mais interessante, além de contribuir significativamente para a descarbonização”, afirmou Renata durante o evento.
Para o presidente do Conselho de Administração da ABiogás, Alessandro Gardemann, a nova legislação, que será sancionada pelo presidente Lula durante cerimônia em Brasília no próximo dia 8, foi construída com base em princípios sólidos que criam uma âncora de demanda futura para incentivar os investimentos no setor. “Essa legislação mantém a eficiência energética, cria incentivos para o investimento e mecanismos de mercado que permitem precificar corretamente o biogás e o biometano. Isso pode transformar o Brasil em uma solução para reduzir os custos de descarbonização de mercados avançados, como o europeu”, afirmou durante a cerimônia de abertura do Fórum.
Embora ainda não seja amplamente utilizado, o biometano começa a ganhar espaço, especialmente entre as indústrias que têm substituído o diesel por esse combustível para reduzir os custos e emissões em seus transportes. O setor de etanol também está seguindo essa tendência, com produtores adotando o biometano para suas frotas de entrega.
Outra grande expectativa envolve a criação de “corredores sustentáveis”, uma iniciativa das distribuidoras de combustível, que visam oferecer pontos de abastecimento de biometano em suas áreas de concessão. O governo federal tem trabalhado ativamente para viabilizar essas rotas ecológicas. Um grupo de trabalho foi criado para desenvolver uma política pública que impulsione o uso do biometano no transporte.
No entanto, o setor ainda enfrenta o desafio clássico do “ovo e da galinha”. O desenvolvimento da infraestrutura de abastecimento e a demanda por caminhões movidos a biometano precisam crescer simultaneamente. “Ninguém quer investir em infraestrutura sem a garantia de demanda, e ninguém troca sua frota sem a infraestrutura adequada”, explicou a presidente da ABiogás. Segundo ela, o governo está empenhado em mediar essa transição, facilitando o desenvolvimento de ambas as frentes.
Termo de Cooperação – Ainda no contexto de maximizar a descarbonização no setor, o 11º Fórum do Biogás foi palco da assinatura de um termo de cooperação entre a Associação Brasileira de Biogás (ABiogás) e a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás). O objetivo da cooperação é unir esforços das entidades para promover ações e atividades conjuntas em prol do desenvolvimento e fortalecimento do setor de gás natural, biogás e biometano.
Entre os temas a serem tratados nessa cooperação, encontra-se a elaboração de uma estratégia para destravar a substituição do diesel por GNV/biometano como combustível para veículos pesados para transporte de cargas e também para a mobilidade urbana, como o ônibus e caminhões de coleta de lixo. Com a assinatura termo, as associações elaborarão um plano de trabalho para tratar dos temas de mútuo interesse.
Texto: apoio Assessoria do 11º Fórum do Biogás