A produção de biometano vai além do debate da cadeia de proteína animal, também passa pelos modelos de negócios, levando em consideração pontos como logística, monitoramento e auditoria.
O terceiro painel do 6º Fórum Sul Brasileiro Biogás e Biometano teve como tema “Biometano – Estratégias Regionais de Negócios”. Os palestrantes abordaram a importância de se pensar em modelos de negócios para viabilizar a área e apresentaram práticas de negócios já em funcionamento. A moderação foi do diretor-presidente da SCGás, Otmar Müller, e o painel contou com os palestrantes Nicolas Berhorst, do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogas); André Vieira, gerente corporativo de negócios da Coopercarga; e Cicero Bley Junior, fundador e CEO da BLEY Energias Estratégias e Soluções.
O planejamento e as práticas da SCGás em levar um gasoduto para a cidade de Lages, na Serra Catarinense – a praticamente 300 quilômetros do Litoral de Santa Catarina – foram os destaques da fala do moderador do painel antes dos palestrantes. Otmar Müller ainda citou que até o final do ano a empresa deve apresentar projeto para chegar com gás natural ao Oeste catarinense.
Nicolas Berhorst, da CIBiogas, palestrou sobre “Modelos de Negócios em Biometano”, e focou-se em responder qual o modelo de negócio mais competitivo para o biometano. Citou questões como a importância de rede de contatos, legislação e destacou que toda a oferta de metano começa pelo substrato, “o pilar para a rentabilidade desse tipo de negócio”.
Segundo Berhorst, a CIBiogas consegue prever um deslocamento de energia para biometano na agropecuária, a partir do momento que esses modelos de negócios começarem a ficar atrativos. “Já existem vários empreendedores trabalhando com biometano em menor escala, conseguimos identificar um aumento de 36% de plantas em relação ao ano passado”, citou. Mas, o aumento, segundo ele, tem relação com o modelo de negócios.
“É uma atividade empreendedora, de relação de preço e performance, formação de mercado e mobilização de recursos, e tudo isso tem a ver modelagem de negócio, é assim que teremos o biometano como uma commodity. O modelo de negócio mais competitivo é aquele que se adapta a questões de biomassa, dispõe de logística eficiente e atende às preferências do consumidor”, finalizou.
Gás no transporte de cargas
Já o palestrante André Vieira, gerente corporativo de negócios da Coopercarga, destacou que o setor de transporte tem demandas pelo biogás e pelo biometano, que este é um desejo do mercado. “Estamos num momento favorável, pois as montadoras estão investindo no gás para transporte de cargas – com o foco sendo o biometano -, porém, o valor de um caminhão a gás ainda é 30% a 40% superior ao do diesel”, comentou.
Vieira destacou ainda a importância da logística, que impacta na limitação de fornecimento de gás em alguns locais, e o desafio de criar e ampliar o corredor azul, ou seja, a infraestrutura criada para permitir o uso de gás natural ou biometano como combustível em veículos rodoviários. “O biometano vem como um grande potencial para fomentar esse crescimento. Na Coopercarga fizemos uma parceria, após negociação de mais de dois anos, com um pequeno produtor que já gerava biometano, para transporte de carga. Por que não fornecer o biometano para transporte de carga?”
Qualidade do biometano
O terceiro e último palestrante do painel, Cícero Bley Junior, falou da “Produção integrada de biometano combustível”, apresentando o caso da granja Angst e da Cooperativa Primato, em Toledo (PR). O fundador e CEO da BLEY Energias Estratégias e Soluções destacou a presença no evento dos proprietários da granja, Emílio e Maria Angst, que produzem biometano e, que segundo o palestrante, “se dispuseram a correr riscos e enfrentar as dificuldades dessa produção”.
Bley Junior citou o processo de refinamento do biogás e a importância do monitoramento e da auditoria da qualidade do biometano produzido na granja paranaense. Depois de garantidos esses passos, mudou-se um abastecimento da granja de diesel por biometano, e um caminhão da Cooperativa Primato abasteceu durante três meses com biometano, seguindo todas as legislações, como a ABNT 906/2022. “A possibilidade de descarbonização do transporte foi comprovada em cerca de 90% quando utilizado o biometano ao invés do biodiesel. Então, na granja, o suíno come a ração e dá a carne, assim como dá o biometano combustível para transportar a carne e a ração, com emissões reduzidas”, finalizou Bley Junior.
Ao final do painel, foram apresentados os cases da Companhia Paranaense de Gás (Compagas), por Rafael Lamastra; e MDC Energia, por Oliver Jones.
O 6º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano é realizado por instituições dos três estados do Sul do país: Embrapa Suínos e Aves (SC), Centro Internacional de Energias Renováveis – CIBiogás (PR) e Universidade de Caxias do Sul (UCS), e organizado pela Sociedade Brasileira de Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial (Sbera).
Patrocínio MASTER: Grupo Cetric, Itaipu Binacional e SCGÁS
Patrocínio OURO: Compagas, Ecogen, Galileo Technologies, MDC, (re)energisa, Retzem, Sanepar e UBE.
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