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Painel 7 – Agenda Global de Biogás

Agenda global de Biogás” foi um dos temas abordados no segundo dia de programação do 7º Fórum Sul Brasileiro Biogás e Biometano, realizado em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. A moderação do encontro foi de Aline Scarpetta, do Centro Internacional de Energias Renováveis – CIBiogás, e contou com a participação de Flavio Ascenco da World Biogas Association (WBA) como painelista. Para debater o tema, foram convidados Bruno Neves, da UNIDO; Rogério Meneghetti, da Itaipu Binacional, e Gustavo Ramos, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

“O biogás é um energético versátil, conectado com as demandas regionais e, com isso, os arranjos se diferem a partir das características de cada país. Por isso este painel é tão importante, para entendermos as diferenças internacionais e como podemos aproveitar as inspirações para acelerar os negócios no Brasil”, disse a mediadora.

A implementação do programa Making Biogas Happen foi amplamente apresentada por Flavio Ascenco, que trouxe inspirações de outros países quando o assunto é crescimento sustentável dentro da cadeia do biogás e biometano. O projeto Making Biogas Happen é capitaneado pela WBA, fundado em 2016 por associações  do Reino Unido, Estados Unidos e Itália, com 20 outras empresas fundadoras. O programa está na fase 2 de implementação, tendo a primeira fase se encerrado em fevereiro deste ano. “Ao começarmos a fase 2, estamos focados em um processo intenso de divulgação. Neste fórum, tivemos um momento rico onde pudemos apresentar o programa em um workshop, entre outras oportunidades”, contou.

O mercado do biogás na Europa e seu crescimento exponencial esteve entre os exemplos internacionais apresentados por Ascenco. O biometano está em crescimento franco no continente europeu devido às metas de geração para 2030 e aos incentivos públicos, com a Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Dinamarca entre os principais produtores. “O Reino Unido só tem 753 plantas, mas foram o maior catalisador de transição energética. Cada uma destas plantas tem capacidade de exportar biometano 20 vezes mais do que acontecia há 10 anos”, exemplifica.

A situação na Índia e no México também foi pontuada na apresentação: a Índia é um grande consumidor de gás natural e com potencial de 62 milhões de toneladas de biometano, mas com apenas 5% do potencial aproveitado. Já o México assumiu o compromisso de reduzir 35% as emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2030, justamente pelo potencial mexicano para a produção do biogás, especialmente em zonas urbanas e áreas com intensa atividade agropecuária. “O México tem metas ambiciosas, de construir 2,5 milhões de metros cúbicos anuais de biometano, até amparada na Lei dos Combustíveis, que vem como um suporte financeiro. Estes países querem descarbonizar e fazer a indústria andar para frente”, explica.

No Brasil, múltiplas fontes de substrato, políticas governamentais para estimular o mercado de biocombustíveis, desenvolvimento de economia circular sustentável e iniciativas de descarbonização são pontos motivadores para a indústria do biogás. “A fase 2 do programa Making Biogas Happen está acontecendo no Brasil e na Índia, que entendemos como mercados prósperos e parceiros. Há um caminho a seguir e o programa está conversando com estes governos para que as indústrias e os próprios países possam se desenvolver de forma rápida e eficiente”, detalha.

Especialista em Gestão de Projetos na UNIDO, Bruno Neves destacou a função social que este tipo de tecnologia traz. “O desenvolvimento desta tecnologia precisa atender a demandas crescentes de inclusão social, justiça e dignidade para diversos serviços. Um exemplo claro é que no continente africano, estimamos que cerca de 250 milhões de quilos de lixo são produzidos sem destinação adequada, e mais de 600 milhões de pessoas não têm acesso a energia elétrica. No Brasil, 50% das pessoas não têm acesso a saneamento. Por isso, falamos que é uma tecnologia territorial que funciona para cumprir sua função social se ela for enxergada no conceito de economia circular”, definiu Neves.

Representando a Itaipu Binacional, o Superintendente de Energias Renováveis Rogério Meneghetti elogiou as iniciativas brasileiras quando o assunto é biogás. “Ano passado, a Itaipu conseguiu trazer para a nossa planta uma das reuniões do G20, que teve uma série de discussões sobre o papel do biogás e biometano brasileiro. Foi incrível ver os chefes de estado conhecendo nossa planta e vendo, de perto, como estamos muito mais avançados do que eles imaginavam”, disse. Meneghetti também lembrou sobre a importância de copiar e adaptar as iniciativas globais, não apenas reproduzindo as ações, mas adaptando os modelos de negócio, tecnologia e incentivos públicos para acelerar os processos brasileiros.

Participante de todas as edições do Fórum Sul Brasileiro Biogás e Biometano, Gustavo Ramos representou o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). “Ver a experiência dos outros países é muito importante para conseguirmos acelerar todas as ações e iniciativas tanto em âmbito governamental quanto no setor privado. O desenvolvimento do mercado de biogás vem sendo muito puxado para uma demanda de tratamento de resíduos, mas é importante lembrar que essa demanda surgiu justamente para termos o aproveitamento energético dos resíduos”, completou.

O 7º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano tem como instituições realizadoras a Universidade de Caxias do Sul (UCS), de Caxias do Sul (RS), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia (SC), e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), de Foz do Iguaçu (PR). A organização é da Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindústria (SBERA).

Patrocínio Master: Conveco; Grupo Energisa; Itaipu Binacional; Sulgás

Patrocínio Ouro: 3DI Biogás; Adicomp Brasil; Armatec Brasil; Brasuma; Galileo Tecnologia para Gás; Scania; UBE; Vogelsang Brasil; Volvo Penta

Evento apoiado pelo CNPQ/MCTI.

Fotos: César Silvestro, Divulgação