O sétimo painel do 6º Fórum Sul Brasileiro Biogás e Biometano abordou “Capacitações Técnicas e Mercado de Trabalho”, sendo moderado pela professora e pesquisadora Flaviane Magrini, que atua no Laboratório de Diagnóstico Molecular da Universidade de Caxias do Sul (UCS). A palestra foi de Bruno Casagranda Neves, representante da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), coordenador do Projeto GEF Biogás Brasil.
Os debatedores foram Thiago Edwiges, pós-doutor em Engenharia Agrícola e professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR); Enio Alberto Parmeggiani, administrador e analista técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); e Tiago Palladino, doutor em Genética e representante do Instituto Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Inovação.
“O setor do biogás tem potencial para gerar mais de 800 mil empregos”, afirmou Bruno Casagranda Neves, que palestrou sobre “Mercado de trabalho da Região Sul”. A informação foi retirada do projeto GEF Biogás Brasil, liderado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTIC) e implementado pela ONU, do qual Neves participou.
Quando se iniciou o projeto, os participantes buscaram entender melhor como essa cadeia funcionava. “Desenvolvemos um roadmap tecnológico, que aponta as principais etapas no processo da cadeia de valor do biogás, e onde se inserem o serviço e as tecnologias. Estamos falando de setores variados, como metalmecânico, controle e automação e muitos outros. É um conjunto de rotas em desenvolvimento, mas já percebemos a quantidade de profissionais que precisamos movimentar”, destacou Neves.
Necessidade de profissionais à cadeia do biogás
Na região Sul do Brasil, a partir de dados de 2018, havia 7.261 empregos ligados à cadeia do biogás, e há um potencial de gerar 200 mil empregos, reduzindo 120 milhões de toneladas de emissão de gás carbônico (CO2). No Brasil, o potencial é de mais de 800 mil pessoas com atividade econômica ligada ao biogás. “E o principal: estamos gerando esses empregos por meio de uma redução de 600 milhões de toneladas de emissão de CO2”, afirmou o palestrante.
Segundo Neves, o projeto também teve foco em capacitação, com criação de trilha e criação de três cursos ministrados pelo CIBiogás. A partir destes, foram certificadas cerca de 2 mil pessoas, e há uma demanda gigantesca por capacitação. “Projetos de plantas de biogás precisam se comunicar, é necessário liderança, que alguém coordene do início ao fim. Precisa ser alguém que se integra a um processo de solução ambiental e energética”, afirmou.
Conhecimento científico
O professor da UTFPR, Thiago Edwiges, entrou para o setor há 15 anos, quando, segundo ele, era preciso traduzir literatura inglesa sobre o assunto. “Começamos com substratos muito fáceis, dejetos suínos e microrganismos simples. Hoje, temos substratos mais complexos, como bagaço de cana de açúcar. Utilizando o conhecimento científico gerado, conseguimos transformar isso em biogás”, afirmou.
O conhecimento científico, de acordo com Edwiges, é a grande contribuição da universidade para o setor. “Para produzir biogás, não é necessária a academia. Mas se você quer otimizar a produção, reduzir mais emissões de poluentes, a academia é fundamental”, destacou.
Para o palestrante, houve uma revolução nos últimos 15 anos, pois, ao longo deste tempo, profissionais de áreas distintas da universidade envolveram-se com a cadeia do biogás, desde estudantes e depois profissionais de Direito, Marketing, Bioelétrica, entre outros. “Hoje conectamos redes pelo Brasil todo, comparamos metodologias, resultados, e melhoramos nossos processos. Então, o que acontecerá nos próximos 15 anos? Este é o papel da universidade: caminhar junto com o setor produtivo, gerar conhecimento”, finalizou.
Capacitações e apoio técnico
O administrador Enio Alberto Parmeggiani, analista técnico do Sebrae, explicou que o papel da instituição é de apoio a micro e pequena empresa também do setor de biogás e biometano. “Temos condições de apoiar os produtores desde o setor primário, e mesmo que este já tenha aparato de equipamentos, esses produtores precisam de serviços neste primeiro nível. E para as indústrias vislumbramos as grandes oportunidades de aproveitamento dos resíduos e produtos que podem ser gerados”, resumiu.
Para realizar este trabalho, Parmeggiani destaca que o Sebrae está sempre à procura de profissionais que possam prestar o serviço necessário. “Há alguns anos, dependíamos de profissionais de outros países, atualmente não temos dúvidas da capacidade dessa cadeia. Há demanda significativa por empresas que possam fornecer serviços para dar suporte aos produtores.
“É só pensarmos em quantas propriedades temos no município e quanto cada uma gera de gases. Então, qual a dimensão de espaço para nossas startups, nossos profissionais para atender esses produtores? Além da empregabilidade, da mitigação dos gases, temos uma elevação da competitividade das cadeias de produção”, disse.
Aumento de competitividade
Por fim, Tiago Palladino, do Instituto Senai de Inovação, destacou que a missão do Senai é aumentar a competitividade da indústria com base em três pilares: educação, tecnologia e inovação. O primeiro pilar oferece programas como Jovem Aprendiz, no qual pessoas de 14 a 24 anos têm acesso a emprego e capacitação; também oferta cursos de Formação Inicial e Continuada, e cursos técnicos gratuitos de diferentes áreas, como Química, Metalmecânica, Programação e outros. “E o que é pensado antes de desenvolver estes cursos? Chamamos a indústria, que participa de um comitê, e validamos a grade curricular com eles. E 60% das aulas são práticas, o que motiva mais os alunos”, destacou Palladino.
Para o segundo pilar, o tecnológico, o Senai dispõe de serviços. “Apoiamos a indústria de capacitações de NBRs, ensaios creditados, entre outros”, mencionou. E o terceiro pilar, a parte de inovação, é foco do Senai há cerca de 10 anos. “Houve um movimento para criar os Institutos Senai de Inovação. Trata-se de uma rede no país inteiro, assim o Senai consegue fomentar e executar a inovação. E nesse processo precisamos de bolsistas e profissionais especialmente para fazer o contato com a indústria, por exemplo. É esta capilaridade de forma orquestrada que permite capacitar tantas pessoas no país todo”, concluiu.
O 6º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano é realizado por instituições dos três estados do Sul do país: Embrapa Suínos e Aves (SC), Centro Internacional de Energias Renováveis – CIBiogás (PR) e Universidade de Caxias do Sul (UCS), e organizado pela Sociedade Brasileira de Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial (Sbera).
Patrocínio MASTER: Grupo Cetric, Itaipu Binacional e SCGÁS
Patrocínio OURO: Compagas, Ecogen, Galileo Technologies, MDC, (re)energisa, Retzem, Sanepar e UBE.
Fotos: UQ Eventos