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Painel 2 – Recuperação de Nutrientes – Tecnologias e Estratégias

O segundo painel do 7º Fórum Sul Brasileiro Biogás e Biometano teve como tema “Recuperação de Nutrientes: Tecnologias e Estratégias”. Realizado na manhã da terça-feira, 8 de abril, em Bento Gonçalves, o painel contou com a moderação do pesquisador Rodrigo Nicoloso, da Embrapa, junto aos painelistas Fabiane Goldschmidt Antes, da Embrapa, do professor Jorge de Lucas, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e do professor Gustavo Brunetto, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Quem iniciou as apresentações foi a analista da Embrapa Suínos e Aves, Fabiane Goldschmidt Antes, que abordou o tópico “Valorização do digestato através da recuperação de nutrientes por processos químicos”. Ela reforçou como o assunto é relevante dentro de pesquisas da instituição. “Na Embrapa, nós estamos atentos a este tema, com soluções já desenvolvidas e sempre pautadas na sustentabilidade, tanto de aves, quanto na agroindústria. Nosso centro de pesquisa fica em Concórdia, em Santa Catarina, mas olhamos para todo o país, mirando em soluções que estão na fronteira do conhecimento”, explica.

O digestato deve ser tratado quando não há área agrícola disponível como fertilizante, de acordo com Fabiane. “Um exemplo claro é, por exemplo, uma granja de suínos de grande porte, gado de corte ou bovinocultura de leite em confinamento, em agroindústrias”, cita. A forma de recuperação de nutrientes do digestato, conforme explica Fabiane, pode contemplar dois formatos. Um deles envolve processos físico-químicos, com separação sólido líquido (desague) ou tecnologia de membranas. Por outro lado, está a forma de recuperação por processos químicos, que passam por Precipitação com Ca (P), Estruvita (N e P), K-estruvita (K e P), Precipitação com Fe, AI (P), entre outros.  Em sua apresentação, Fabiane também reforçou o potencial da estruvita como fertilizante de liberação lenta para o manejo sustentável de fósforo na agricultura brasileira. Um dos atuais desafios dos estudos, completa Fabiane, é descobrir as formas comerciais do aproveitamento da Estruvita, ou seja, qual é sua viabilidade no mercado.

Professor da UNESP, Jorge de Lucas abordou tópicos como codigestão anaeróbia, com um case de produção de biogás com adição de batata doce. “Acho importante ressaltar também que, quando se fala em aproveitar o digestato, é bom que a gente pense que existem leis e instruções normativas dentro deste tema, que acabam sendo uma série de caminhos legais”, explica.

“Resíduos Orgânicos na Agricultura: Desafios e oportunidades” foi o tema escolhido pelo professor Gustavo Brunetto, do departamento de solos da UFSM. De acordo com o docente, o Brasil tem alta qualidade e expertise na produção de vários animais para confinamento como bovinos, suínos e aves. Os dados apresentados pelo professor (datados de 2024) confirmam a relevância da atividade: são 238 milhões de cabeças bovinas, 1,6 bilhão de cabeças de galináceos e 46,3 milhões de cabeça suínas – além disso, estima-se que 72% do rebanho de suínos está concentrado na região sul do Brasil. “Isso gera, portanto, uma estimativa de 169 milhões de litros de dejetos por dia, e esse material tem algumas possibilidade de destinos, como adicionado diretamente na agricultura como fonte de nutriente, como compostagem ou como biodigestor”, explicou.

Brunetto explicou os benefícios da aplicação dos dejetos na agricultura, listando itens como a melhoria na fertilização do solo, o incremento de matéria orgânica, o incentivo à atividade microbiana do solo, o aumento na produção agrícola e a redução do uso e da dependência de fertilizantes. Em contraponto aos benefícios, ele citou as consequências do descarte inadequado dos resíduos, ocasionando danos ambientais e passando por pontos como contaminação de solos e águas, perdas de elementos por erosão, perdas de solo e elementos por desastres climáticos e contaminação e eutrofização dos cursos de água.

Como estratégias para melhorar o uso de resíduos orgânicos, Brunetto explicou sobre o processamento para aumentar a concentração de nutrientes, também sobre tecnologias de secagem e peletização e a recuperação e reutilização de nutrientes, passando também pela temática da estruvita, que é o fosfato de magnésio e amônio. A avaliação do desempenho da estruvita em solos tropicais e subtropicais foi citada por Brunetto como uma das demandas futuras e oportunidades do segmento, bem como o incentivo a adoção de biofertilizantes, o desenvolvimento de tecnologias para recuperação de nutrientes e de políticas de incentivo à economia circular na agricultura.

Ao final da programação, foram apresentados ao público os cases da Brasuma, por Kai Oosterheert, e da Volgesang, por Drausio Lima.

O 7º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano tem como instituições realizadoras a Universidade de Caxias do Sul (UCS), de Caxias do Sul (RS), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia (SC) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), de Foz do Iguaçu (PR). A organização é da Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindústria (SBERA).

Patrocínio Master: Conveco; Grupo Energisa; Itaipu Binacional; Sulgás

Patrocínio Ouro: 3DI Biogás; Adicomp Brasil; Armatec Brasil; Brasuma; Galileo Tecnologia para Gás; Scania; UBE; Vogelsang Brasil; Volvo Penta

Evento apoiado pelo CNPQ/MCTI.