O quinto painel do 7º Fórum Sul Brasileiro Biogás e Biometano abordou o tema “Desempenho de Biodigestores”. A moderação do encontro foi de Franciele Natividade, gerente do Laboratório de Biogás do Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás). O painel teve como palestrantes Ricardo Steinmetz, analista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Suínos e Aves; Ana Caroline de Lima, biotecnologista do CIBiogás; e Flaviane Magrini, analista e pesquisadora da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
A ideia desse painel, explicou Franciele, surgiu especialmente porque o desempenho dos biodigestores está atrelado diretamente à viabilidade econômica e sustentável dos projetos. Nesse sentido, Steinmetz destacou como as academias podem contribuir com a estruturação dos projetos. “Muitas vezes, se cria a visão de que a academia está afastada da solução prática, mas não é bem assim. Normalmente é apenas uma questão de nos entendermos melhor e tudo isso passa pela comunicação”, resumiu.
Em sua apresentação, o analista da Embrapa abordou a prevenção de riscos ao investimento com base na eficiência do processo. Nesse cenário, ele explicou que a primeira etapa é o estudo de pré-viabilidade do projeto, com características do substrato, potencial de biogás e/ou metano e escolha da tecnologia. A segunda etapa, conforme Steinmetz, abrange as figuras de mérito de processo, o dimensionamento e o refinamento do investimento. “A informação sempre traz previsibilidade. Nós aplicamos ciência nesse processo para direcionar as perguntas necessárias que devem ser feitas para que o projeto seja bem desenvolvido”, destacou. A moderadora Franciele acrescentou ainda que essas etapas, que ocorrem antes da planta sair do papel, muitas vezes têm um custo irrisório, mas que “fazem toda a diferença na eficiência ao longo do projeto, já que cada biodigestor é único e tem suas particularidades”.
Em sua explanação, Ana Caroline falou sobre a influência dos microorganismos no desempenho dos biodigestores. Ela iniciou sua apresentação detalhando o processo biológico multifatorial do biogás, que inicia com a microbiota do substrato, passando pela integração no sistema e pelo processo de produção, chegando por fim no monitoramento de parâmetros. A biotecnologista do CIBiogás também abordou os fatores que afetam diretamente a microbiota, como a temperatura, o pH, o Tempo de Retenção Hidráulica (TRH) e a biodisponibilidade. Ana Caroline citou ainda como a microbiologia pode ser uma aliada no melhoramento de processos, com pré-tratamentos, desenvolvimento de produtos biológicos e suplementação específica de aditivos e nutrientes. “Esse tema com certeza ainda está em desenvolvimento, mas já podemos ver como entender o processo bioquímico e metabólico dos microrganismos nos traz muitas respostas”, sintetizou.
A última painelista, Flaviane, teve como norte o tema “Desvendando a caixa preta da digestão anaeróbia: abordagens biotecnológicas para otimização de processos”. A pesquisadora da UCS ressaltou que para chegar no processo de produção do biogás é preciso ter uma comunidade microbiana equilibrada. “E tudo isso depende de uma série de interações entre os distintos microrganismos dessa comunidade. É preciso ter uma sinergia do time”, explicou Flaviane, acrescentando que identificar os microrganismos do processo é muito importante para os resultados e que uma das técnicas para realizar esse procedimento é a biologia molecular.
Ao final do painel, foram apresentados os cases da PlanET, por André Amaral; e da Hiamet Biotech, por Braulio Kreczmann.
O 7º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano tem como instituições realizadoras a Universidade de Caxias do Sul (UCS), de Caxias do Sul (RS), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia (SC), e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), de Foz do Iguaçu (PR). A organização é da Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindústria (SBERA).
Patrocínio Master: Conveco; Grupo Energisa; Itaipu Binacional; Sulgás
Patrocínio Ouro: 3DI Biogás; Adicomp Brasil; Armatec Brasil; Brasuma; Galileo Tecnologia para Gás; Scania; UBE; Vogelsang Brasil; Volvo Penta
Evento apoiado pelo CNPQ/MCTI.
Fotos: César Silvestro, Divulgação