No último dia do evento, os participantes do 7º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano tiveram a chance de ver, na prática, o funcionamento de diferentes tipos de plantas produtoras de biogás e biometano no Rio Grande do Sul. As Visitas Técnicas foram divididas em três roteiros, realizados simultaneamente, e contemplaram iniciativas de destaque nos setores industrial e da pecuária, proporcionando conhecer projetos que estão transformando resíduos em energia limpa. Foram visitadas plantas de biogás nos municípios gaúchos de Vila Flores, Casca, Ibiraiaras, Estrela e Minas do Leão.
Insumos agrícolas e energia
A planta industrial da Folhito, em Estrela (RS), recebeu dois grupos na visita técnica. Um grupo pela manhã e outro à tarde. A unidade realiza o tratamento de resíduos orgânicos agroindustriais, agrosilvopastois e da indústria alimentícia, baseado em um modelo conjugado que utiliza compostagem e biodigestão anaeróbia, transformando passivos ambientais em insumos agrícolas e energia. Conta com todas as licenças necessárias (FEPAM, IBAMA e MAPA) e programas internos de rastreabilidade e controle de qualidade.
Nas duas visitas, os participantes do 7º Fórum foram recebidos por Rodolfo Lanius, Fernando Lanius, Marciana Cechin e Alexandre Felix. A indústria Folhito tem capacidade de processar 700t/dia de matéria-prima e produzir 150.000t/ano de fertilizante orgânico e até 10.000m³ por dia de biogás em dois biodigestores tipo CSTR. Atualmente, produz de 7 a 8.000 m³. Parte desse biogás é usado para gerar 250 kW.h de energia elétrica e 250 kWe.h de energia térmica em sistema de cogeração, o restante é purificado, comprimido e utilizado como biometano na frota da empresa. Os excedentes de energia são encaminhados para venda em Geração Distribuída e o biometano para comercialização. No momento, a Folhito processa 3 a 4.000 m³ dia de biometano. Já o digestato oriundo do processo de biodigestão é certificado no Ministério da Agricultura (MAPA) como Fertilizante Orgânico Fluído e incorporado nas leiras de compostagem, corrigindo a umidade do Fertilizante Orgânico Sólido, também certificado e principal produto da Folhito.
O processo utilizado na empresa Folhito chamou atenção do diretor de Sustentabilidade da Federação Nacional de Avicultura da Colômbia, Carlos Duque. Ele fez questão se participar da visita técnica para compreender mais sobre a produção de biogás a partir do processo de compostagem, que já é realizado em seu País. Duque soube do 7º Fórum Sul Brasileiro a partir de uma visita a plantas de biogás em Santa Catarina, no início deste ano. Dois representantes da organização colombiana vieram ao Brasil para participar do evento.
Suinocultura e bovinocultura
Outro roteiro de visitas técnicas levou participantes do Fórum para conhecer práticas em três granjas de suinocultura e bovinocultura.
Em Vila Flores (RS), na Granja Ceccato, foram recebidos pelo dono da propriedade, Jorge Ceccato, e seu filho Julian. Trata-se de uma propriedade de produção de suínos, em que o biogás é obtido a partir dos dejetos, desde 2005, e, atualmente, utilizado na geração de energia elétrica. São 3.100 matrizes e 3.700 em terminação no local. Os dejetos vão para quatro biodigestores e um quinto está sendo estruturado. Com isso, conseguem produzir energia elétrica para a Granja, gerando economia de 80%. Uma parte do digestato vai para a fertirrigação de lavouras próprias e outra parte é matéria-prima na indústria de fertilizantes. A granja utiliza três geradores.
Na Granja Mezzomo, em Casca (RS), o proprietário Roque Mezzomo e seu filho Rodrigo explicaram sobre o processo utilizado no local. A unidade produtora de leitões desmamados (UPLD) com capacidade de 3 mil matrizes alojadas. Os dejetos dos animais são tratados por biodigestores e o digestato vai para a fertirrigação, o que viabiliza o licenciamento ambiental da propriedade rural. A Granja produz entre 100 a 120m³ de dejetos/dia e 900m³ de biogás/dia. A partir de junho, a intenção é colocar em funcionamento um usina para gerar pelo menos 40 mil KW/h de energia por mês. A família Mezzomo trabalha há mais de 20 anos na suinocultura.
Em Ibiraiaras (RS), na propriedade N&N Cecchin, os dejetos das 132 vacas leiteiras holandesas vão para o biodigestor e são transformados em energia elétrica, há um ano. Hoje, o biogás representa 40% da energia elétrica necessária na propriedade, mas tem potencial para bem mais. A propriedade rural tem 300 vacas leiteiras, sendo 132 em ordenha. O digestato, após passar pelo biodigestor, é reciclado na fertirrigação de lavouras de 12 hectares. Os visitantes foram recebidos pela proprietária, Anacir Cecchin, que começou o negócio com o marido Nacir e hoje conta com ajuda do filhos Norton e Noana.
Resíduos Sólidos Urbanos
Em Minas do Leão (RS), participantes do 7º Fórum foram conhecer a Unidade de Valorização Sustentável (UVS) Minas do Leão da CRVR. A Unidade recebe cerca de 4 mil toneladas de resíduos por dia, de cerca de 100 clientes geradores, entre eles a capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. A unidade é a primeira e única do Estado a receber o Índice de Qualidade de Aterro Sanitário 100, destacando-se pela valorização dos subprodutos gerados na decomposição dos resíduos orgânicos, entre eles o biogás. São gerados 8,5MWm de energia elétrica de fonte renovável, a partir da implantação, em 2015. Neste ano, será inaugurada uma planta de biometano com capacidade para gerar 66.000m³ dia. Além disso, a UVS conta com a maior planta de tratamento de efluentes líquidos do Estado e está em licenciamento de uma planta para recebimento de resíduos industriais.
Realização – O 7º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano tem como instituições realizadoras a Universidade de Caxias do Sul (UCS), de Caxias do Sul (RS), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia (SC) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), de Foz do Iguaçu (PR). A organização é da Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindústria (SBERA).
Patrocínio Master: Conveco; Grupo Energisa; Itaipu Binacional; Sulgás
Patrocínio Ouro: 3DI Biogás; Adicomp Brasil; Armatec Brasil; Brasuma; Galileo Tecnologia para Gás; Scania; UBE; Vogelsang Brasil; Volvo Penta
Evento apoiado pelo CNPQ/MCTI.
Fotos: FSBBB/Divulgação