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O segundo painel abordou soluções práticas com exemplos de centrais de processamento de resíduos orgânicos para a produção de biogás

Painel 2 – Centrais de processamento de resíduos orgânicos

O segundo painel do 6º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano foi moderado por Andrieli Schulz, representando a Frimesa Cooperativa Central, e abordou soluções práticas com exemplos de centrais de processamento de resíduos orgânicos para a produção de biogás. Andrieli salientou que, com todo o potencial produtivo brasileiro, discussões precisam evoluir para viabilizar alternativas dentro do ecossistema. “Apresentamos cases de verduras, dejetos de suínos, carcaças e também os resíduos da agroindústria, ou seja, o aproveitamento de toda a cadeia produtiva para a geração de energia através do biogás”, afirmou.

O painel contou com a participação dos palestrantes Renato Leitão, engenheiro civil, doutor em Ciências Ambientais e pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa); Daiana Martinez, gerente de Engenharia e Operações no Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás); e Augusto Grave, produtor rural da Fazenda Santa Lúcia, em Tapera (RS).

Melhorar a logística

Com o tema “Produção de biogás a partir de resíduos de frutas e verduras”, Renato Leitão salientou sobre o aproveitamento desse descarte, atentando para as centenas de toneladas de resíduos provenientes da produção agrícola que acabam nos aterros sanitários e deixam de ser aproveitados. “Estima-se que 30% a 40% dessa produção é desperdiçada, um problema de estrutura e logística, no qual de 50% a 80% desse material perdido acontece no transporte. Por isso, precisamos melhorar a logística na nossa cadeia produtiva”, apontou.

O painelista compartilhou dados estatísticos das perdas na agricultura, não apenas na logística, mas também na comercialização final, em feiras e vendas, acumulando com outros resíduos. Com isso, apresentou testes de potencial de produção de metano, que viabilizaria uma produção capaz de trabalhar alternativas. “Os resíduos produzidos pelo Brasil podem ser uma fonte de moléculas interessantes para a indústria.”

Modelo de negócio

Para Daiana Martinez, gerente de Engenharia e Operações no CIBiogás, é necessário atentar para os arranjos individuais e coletivos, a produção e o aproveitamento energético dentro da própria unidade, com a união de pequenos, médios e grandes produtores de animais, para fazer a integração e encontrar a viabilidade. Ela apresentou a planta da Central de Bioenergia de Toledo/PR para a utilização e manejo de animais mortos não-abatidos.

“Temos, no nosso projeto, 17 produtores com mais de 40 mil suínos, onde coletamos e transportamos os dejetos, contando com a avaliação do uso da carcaça de animais mortos não-abatidos. E devolvemos em conversão de geração de energia elétrica, com mais de 300 MWh/mês”, revelou.

Conforme Daiana, é preciso encontrar o equilíbrio para consolidar e viabilizar essa produção, unindo três frentes fundamentais: tecnologias disponíveis, agências reguladoras e regulações norteadoras. “É um modelo de negócio, então a conta precisa fechar. Prestação ambiental é a prioridade máxima, e os ajustes são necessários para o diálogo entre os produtores. Resíduos agroindustriais e monitoramento adequado para garantir que essa produção de biogás seja constante e perene, garantindo as operações necessárias e entregar a molécula na ponta. E essa carcaça é um passivo ambiental com um super potencial”, disse.

Da crise à oportunidade

Isso tudo demonstra a importância em explorar todo o potencial e proveito da planta. Foi o que fez o produtor rural Augusto Grave, que em sua apresentação “Codigestão de resíduos bovinos e agroindustriais” demonstrou como a Fazenda Santa Lúcia, focada em gado leiteiro, investiu em inovação para aumentar a produtividade, mostrando o que o campo passa na íntegra quando se fala de projeto de produção de biogás. 

“Nosso primeiro grande problema foram as esterqueiras a céu aberto. O esterco na lavoura se torna custo. E da crise fomos à oportunidade. Para aumentar a geração de gás e a produção de energia, precisávamos de substrato, portanto buscamos a parceria na agroindústria”, contou.

A produção de biogás na Fazenda Santa Lúcia se iniciou em julho de 2023 e, em janeiro de 2024, chegou a 270 MWh/mês. Grave mostrou suas plantas para contar como chegou à solução e viabilidade dos projetos. “Internalizamos os conceitos de ecoeficiência e circularidade, visando reduzir perdas, aumentar rentabilidade e reduzir impactos. Nossa fazenda é um ecossistema de inovação e sustentabilidade no agro. Queremos entregar mais que energia, queremos entregar sustentabilidade, programas sociais e muito mais. Tem que haver uma parceria entre produtor e indústria para fazer essa troca”, concluiu Augusto. 

       

Ao final do painel, foram apresentados cases de sucesso do Grupo Cetric, por Loana Defaveri Fortes, e Aggreko, por Bruno Gaboardi.

O 6º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano é realizado por instituições dos três estados do Sul do país: Embrapa Suínos e Aves (SC), Centro Internacional de Energias Renováveis – CIBiogás (PR) e Universidade de Caxias do Sul (UCS), e organizado pela Sociedade Brasileira de Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial (Sbera).

Patrocínio MASTER: Grupo Cetric, Itaipu Binacional e SCGÁS

Patrocínio OURO: Compagas, Ecogen, Galileo Technologies, MDC, (re)energisa, Retzem, Sanepar e UBE.

Fotos | UQ Eventos