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Painel 8  – Biometano – Estratégias de Distribuição

O oitavo painel do 7º Fórum Sul Brasileiro Biogás e Biometano, realizado na manhã de quarta-feira (9), teve como mote central o tema “Biometano – Estratégias de Distribuição”. A mediação do encontro foi da economista e professora Maria Carolina Gullo, da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Participaram das discussões os palestrantes Thays Falcão, gerente executiva de Estratégia da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás); Eudis Furtado, CEO da Companhia Paranaense de Gás (Compagas); e Diego Gomes Gagnotto, gerente executivo de Gases Renováveis da Ultragaz.

Ao falar sobre o assunto do painel, Maria Carolina reforçou que o tema é especialmente pertinente devido ao fato de o Brasil concentrar sua distribuição e transporte por vias rodoviárias. “Somos um país grande, com dimensões continentais e é um desafio grande viabilizar nossa área de produção e distribuição. Isso ocorre especialmente pela escolha que foi feita ainda em 1950, quando foi determinado o modal rodoviário como sendo o principal do país. Hoje, pagamos o preço por essa escolha que foi feita lá atrás, então esse tema realmente é um desafio constante”, justificou.  

Ao abrir as apresentações dos painelistas, Thays trouxe um panorama geral da Sulgás, destacando que atualmente a companhia atende mais de 100 mil clientes dentro da categoria de Gás Natural. “Nossa entrega é de 2,1 milhões de m³ por dia”, contou. Dentro do tema, Thays comentou ainda que o Rio Grande do Sul abrange cinco plantas que estão próximas de fornecer biometano. “Este ano já teremos fornecimento de biometano misturado ao gás natural na planta de Triunfo”, antecipou. 

Thays também trouxe dados de um estudo recente apontando que o uso do gás natural apresenta emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) 25% menores em comparação ao diesel. Ainda de acordo com o levantamento, o biometano se destaca com 87% menos emissões em relação ao diesel. “Nesse sentido, estima-se que a adição de 5% de biometano no gás natural implicaria uma redução de 28% da emissão de GEE com relação ao diesel. Em um cenário prospectivo, o uso de 50% de biometano no futuro resultaria em uma redução de 56%. E é esse mix dos dois que está sendo feito na unidade de Triunfo”, explicou.

Para falar da realidade da Compagas, o painel contou com a apresentação de Furtado, que iniciou sua explanação falando sobre o contexto do Paraná. Ele pontuou que o Estado conta com 20 milhões de hectares, o que corresponde ao território praticamente de Portugal e Inglaterra juntos. Nesse sentido, o potencial de oferta total do Paraná em biometano seria de 700 mil m³ por dia, mas um percentual muito pequeno disso é utilizado. “Nosso desafio, assim como o do Brasil todo, é a conciliação da oferta de energia com a demanda de consumo. A questão é conciliar todo esse potencial com locais de consumo”, reforçou. 

Para resolver essa questão, a Compagas vem trabalhando atualmente com três soluções para a entrega de gás. A primeira são as redes locais, que ligam pontos de consumo que são próximos. Como exemplo dessa iniciativa, Furtado citou o caso de Londrina e Paraná, onde 90 km de rede foram construídos para atender os segmentos industrial, residencial, comercial e veicular. A segunda solução citada é a injeção na rede de distribuição que pode ser realizada por meio de dutos. Já a terceira iniciativa pontuada por Furtado são os corredores sustentáveis, que integram as principais rotas rodoviárias com o Porto de Paranaguá e com os estados do Sudeste e do Sul. Hoje, segundo Furtado, já são 12 postos em operação para transporte de pesados e outros dois devem ter operação neste ano.

Encerrando a apresentação dos painelistas, Gagnotto falou sobre a atuação da Ultragaz no setor. Ele destacou que a empresa faz parte do grupo Ultra, que é um dos maiores do país e tem previsão de investimento para 2025 de cerca de R$ 2,6 bilhões. Ao falar dos números da Ultragaz, Gagnotto trouxe o dado de que atualmente 11 milhões de domicílios são atendidos dentro do segmento GLP (Liquefeito de Petróleo). A empresa conta ainda com 60 mil clientes empresariais. 

Dentro da categoria gás natural/biometano, a Ultragaz conta com cerca de 70 projetos de Gás Natural Comprimido (GNC) e biometano, além de cinco bases operacionais, destacou Gagnotto. A Ultragaz abrange 60 postos com GNC e atende 6 mil indústrias no país. “O biometano tem esse desafio de ser descentralizado, mas gera também uma oportunidade de levarmos biometano para lugares em que o gás natural não tem acesso”, avaliou. Ao encerrar sua apresentação, Gagnotto também reforçou que a Ultragaz defende uma transição energética justa e que resguarde a descarbonização.

No final da palestra, dois cases foram apresentados ao público. Mauricio de Carvalho falou sobre as soluções da Gasprom e Carlos Mancino apresentou a Prodeval.

O 7º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano tem como instituições realizadoras a Universidade de Caxias do Sul (UCS), de Caxias do Sul (RS), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Suínos e Aves, de Concórdia (SC) e o Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás), de Foz do Iguaçu (PR). A organização é da Sociedade Brasileira dos Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindústria (SBERA).

Patrocínio Master: Conveco; Grupo Energisa; Itaipu Binacional; Sulgás

Patrocínio Ouro: 3DI Biogás; Adicomp Brasil; Armatec Brasil; Brasuma; Galileo Tecnologia para Gás; Scania; UBE; Vogelsang Brasil; Volvo Penta

Evento apoiado pelo CNPQ/MCTI.

Fotos: César Silvestro, Divulgação