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O primeiro painel do 6º Fórum Sul Brasileiro Biogás e Biometano tratou a respeito da “Descarbonização das cadeias de proteína animal”

Painel 1 – Descarbonização das cadeias de proteína animal

Aproximação da agropecuária com o setor de biogás e biometano é foco para compreender a área como oportunidade de negócio

O primeiro painel do 6º Fórum Sul Brasileiro Biogás e Biometano tratou a respeito da “Descarbonização das cadeias de proteína animal”. Foram apresentados números e mapas dos setores do biogás e da cadeia animal e debatidos os porquês e para que de se investir na produção de biogás e biometano. Ao todo, o evento conta com 10 painéis com palestrantes e/ou debatedores, e apresentação de cases de empresas do setor.

Moderado pelo pesquisador da Embrapa Everton Krabbe, o primeiro painel contou com a palestra do pesquisador da Embrapa e coordenador-geral do Fórum, Airton Kunz, e em seguida com as explanações de três debatedores: Tabatha Lacerda, coordenadora-técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA); Gabriel Kropsch, fundador e conselheiro da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás); e Pauline Heck Bellaver, representante da Câmara da Agroindústria da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FIESC).

“A interiorização do biogás nos interessa e cria oportunidades, é uma solução de mobilidade, no meio urbano e no agro. Tanto, que tivemos um aumento de 15%  nas plantas de biogás no ano passado, aumento das políticas públicas e, inclusive, o biogás está no projeto de lei dos combustíveis do futuro”, destacou Airton Kunz.

 

Novas oportunidades 

Focado em apresentar um overview de oportunidades, Kunz apresentou números, mapas e a calculadora de biogás da Embrapa para ilustrar a atividade da cadeia animal e como este ambiente pode se associar à descarbonização e à produção de biogás. “Temos oportunidades dentro e fora da porteira, ou seja, dentro da granja e na agroindústria. Então, como o manejo desses resíduos da produção pode ser feito dentro e fora da porteira para reduzir o efeito estufa?”, questionou. Na sequência, explicou oportunidades para implementação, por meio de biodigestor e digestato, e de um trabalho recente da Embrapa de codigestão com culturas energéticas. “A cadeia do biogás precisa de substratos, e precisamos estudar novas formas de substrato, a Embrapa tem compromisso com isso”, destacou.

Por fim, o palestrante disse que a descarbonização das cadeias de produção animal é uma oportunidade de negócios. “Precisamos aproximar as cadeias de biogás e animal e entender os pontos de sinergia que elas têm, que são muitos. Isso é importante, estudar novos arranjos produtivos. E a segurança na cadeia de suprimento de substratos precisa ser um mantra para nós”, finalizou.

Respaldo para a produção

Tabatha Lacerda, coordenadora-técnica da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), destacou que os olhos do mundo estão voltados ao Brasil como produtor de alimentos. “As perspectivas são que continuaremos alimentando o mundo. Temos um compromisso e responsabilidade muito grande. Ninguém vai deixar de se alimentar. Então precisamos montar um futuro que funcione, que dê respaldo para toda essa produção. Como desafio temos o projeto de lei do mercado de carbono, por exemplo. Essas normativas trazem oportunidades de políticas públicas, que são muito importantes para essa engrenagem”, pontuou.

A engrenagem, segundo Tabatha, também precisa de investimento em pesquisa. “Investimento em pesquisa é tudo. Avançamos muito, mas precisamos olhar para esses novos modelos de negócios. Estamos deixando de ser sustentabilidade etérea para ser uma modalidade de negócio”, afirmou a palestrante, destacando a importância da área obter números e apostar na comunicação do que o setor está produzindo.

Modelos e estudos

Pauline Heck Bellaver, representante da Câmara da Agroindústria da FIESC, abordou como o papel das indústrias da proteína animal é fundamental na cadeia do biogás/biometano/animal. “A indústria faz missões na área desde 2012, quando começamos a falar de biogás. A gente enxerga como oportunidade a implementação de modelos tecnológicos e ao longo desses anos a tecnologia aumentou. Hoje, temos modelos individualizados para cada modelo de negócio, para saber o que fazer com cada tipo de resíduo”, explicou.

A palestrante disse que existem estudos para conseguir captar, centralizar e gerar o biogás para o uso necessário. Mas a grande questão é como implementar em poucos anos. “Qual é a virada de chave que precisamos fazer? Temos dejetos, temos rede de gás, mas como entre as empresas e parceiros, como nossa rede se organiza para conseguir montar toda essa estrutura, engrandecer, realizar a transição energética e beneficiar a sociedade com mais empregos, tecnologias, mais energia renovável como um todo?”, perguntou. “Se esse arranjo conseguir ser orquestrado pelos setores aqui representados, temos as ferramentas na mão. O Brasil é um país diferenciado, precisamos entender como fazer essa aceleração”, finalizou, afirmando que a FIESC tem um hub de descarbonização – que será apresentado durante o evento – para acelerar a descarbonização em 10 anos.

Regulamentação do mercado

O último debatedor do painel, Gabriel Kropsch, representante da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), falou da regulação do mercado do biogás, um “mercado que já é uma realidade, são centenas de milhões de investimento, com grandes empresas investindo”, e que foi regulamentado no final de 2017. Atualmente, existem 20 plantas de biometano e seis estão aptas a vender no país, segundo ele.

Kropsch explicou que os porquês de fazer a descarbonização são baseados em mudança climática, segurança energética, transição energética justa e acessível. Mas as grandes questões para ele são “para que fazer a descarbonização”. Para responder, lembrou do mercado do petróleo, que iniciou há mais de 150 anos com a produção de querosene, e “hoje é a maior indústria do mundo, que fatura trilhões de dólares com produtos e aplicações”. Em seguida, lembrou do etanol na década de 1970, quando a indústria de cana evoluiu e se transformou na indústria sucroenergética, usando etanol para uma série de outros fins. 

“Vejo uma oportunidade enorme para esse mercado de descarbonização. A indústria de proteína animal é de transformação, transforma proteína vegetal em proteína animal. E na indústria de transformação toda a poluição é resíduo do processo industrial, o resíduo é ineficiência. Então, para que descarbonizar? Para reduzir o desperdício, aumentando a lucratividade, aumentando as receitas. É uma oportunidade de produzir biogás, ter opções de créditos de carbono, de biometano no futuro, entre outros. Para isso, precisamos de uma mudança de mentalidade. A oportunidade é gigantesca.”

O 6º Fórum Sul Brasileiro de Biogás e Biometano é realizado por instituições dos três estados do Sul do país: Embrapa Suínos e Aves (SC), Centro Internacional de Energias Renováveis – CIBiogás (PR) e Universidade de Caxias do Sul (UCS), e organizado pela Sociedade Brasileira de Especialistas em Resíduos das Produções Agropecuária e Agroindustrial (Sbera).

Patrocínio MASTER: Grupo Cetric, Itaipu Binacional e SCGÁS

Patrocínio OURO: Compagas, Ecogen, Galileo Technologies, MDC, (re)energisa, Retzem, Sanepar e UBE.

Crédito das fotos | UQ Eventos