Instituições ligadas à estrutura e distribuição de gás no Brasil, debatem soluções para colocar o biometano na rede
O potencial de avanço e integração do biometano ao setor de gás natural do Brasil foi a temática do quarto painel do 5º Fórum Sul Brasileiro Biogás e Biometano. Augusto Salomon, presidente executivo da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás) foi moderador. O palestrante convidado foi Adriano Pires, sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
Estiveram presentes, também, os debatedores Rafael Lamastra, presidente da Companhia Paranaense de Gás (Compagas), Ricardo Hatschbach, CEO da GasBrasiliano, Eduardo Antonello, fundador da Macaw Energies e Gabriel Kropsch, vice-presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás).
Um dos campos de estudo do biogás, alternativa para ampliar a rentabilidade de projetos, é o mercado de créditos de carbono. Além disso, apesar de estar incluído em uma legislação (Lei 10.712/2021) com decretos e códigos tributários que burocratizam ainda mais a sua viabilidade, o setor busca soluções para avançar como alternativa econômica.
“O biometano tem uma diversidade de fontes de energias renováveis. Ele tem um papel fundamental neste processo, tem um potencial para crescer muito. Ele pode ter o mesmo sucesso que o etanol teve com a gasolina. O sucesso do biometano será substituir o diesel”, projeta Adriano Pires, do CBIE.
Augusto Salomon, da Abegás, citou outros desafios e alternativas para o setor. “Temos que buscar uma demanda firme, confiável e um sistema de escoamento. Na outra ponta, a falta de competitividade e altos preços, temos que contratar a molécula no menor custo possível para termos um gás competitivo”, indica.
Para Gabriel Kropsch, da ABiogás, outros países também passam pelos mesmos desafios que o Brasil na difusão do biogás. Ele cita como exemplos, Inglaterra, Alemanha, França, Indonésia e Malásia. “Sofremos com muitos entraves, podíamos estar bem mais avançados, mas eu vejo o biometano e essa integração com o sistema de distribuição, apesar da restrição da malha, aqui no Brasil, como um caminho espetacular”, observa. Krospsch complementa que o país é o oitavo maior mercado de combustível do mundo, e que podemos ser um exportador de produtos descarbonizados e não só de commodities e créditos.
Na visão de Eduardo Antonello, da Macaw Energies, o mercado vem se consolidando, graças ao amadurecimento tecnológico. Mas lembra que a volatilidade e a sazonalidade são desafio. “Como você faz para vender a um consumidor que vai precisar de um volume ao longo do ano? Eu acredito em um modelo de distribuição em pequena escala. Temos um potencial de produção muito grande e o ideal é que os produtores de biometano se integrem cada vez mais às distribuidoras”, sugere.
Em relação aos desafios mundiais em energia, o Basil tem vantagens na matriz renovável, mas tem gargalos de infraestrutura e demanda, conforme Ricardo Hatschbach, da GasBrasiliano. “Quando a gente pensa sobre o gás natural e o potencial do biometano, temos que pensar nos desafios do Brasil. Precisamos desenvolver estrutura, desenvolver demanda através do investimento de infraestrutura de gás: primeiro o gás natural, depois o biometano e, no futuro próximo, o hidrogênio”.
O presidente da Compagas, Rafael Lamastra, lembra que a região Sul do Brasil tem um grande potencial, e que o estado do Paraná apresenta o segundo maior potencial do país, principalmente por causa do agronegócio. “Desde 2019, estamos vendo os movimentos deste mercado. O potencial existe, temos expertise nos três estados da região Sul. Nós temos esse trabalho encaminhado e precisávamos uma sinalização para onde iria essa demanda, e agora entra o papel da distribuidora”, destaca.
Lamastra comenta que foi lançada uma chamada pública no setor e houve a oferta de 400 mil m³ de gás por dia. “É o momento de mostrar que o biometano pode agora, efetivamente, virar negócio. Precisamos estruturar um grande modelo de negócio para que haja viabilidade comercial para alcançar uma escala de produção confiável. A oportunidade existe, o que não podemos é nos perder neste caminho”, diz.
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Foto: Roberto Lemos